The Sword - Warp Riders


Novo e terceiro álbum destes geeks de Austin, que desta vez deixaram de lado as medievalices e puseram-se a letrar sobre o sci-fi série B. A nível musical pouco ou nada mudou. Talvez mais limpinhos e um pouco menos barulhentos, embora o espírito e raízes de uma espécie de neo-heavy-metal a palmilhar terrenos do stoner permaneçam. No meio de riffs que em muito devem ao legado dos 70 de uns Sabbath ou de uns Zeppelin, surgem também influências óbvias, e, desta vez, menos escondidas do rock e blues a fazer lembrar uns ZZ Top.
Álbum muito bem-disposto e a minha companhia de condução na estrada nestes últimos dias.

Begotten

A criação e ciclo de vida do Homem são aqui retratados através de um conjunto de representações simbólicas, minimalistas e metaforizadas. Um Deus louco, ou numa trip de ácidos que correu para o torto, esventra-se e sucumbe moribundo, não sem antes dar à luz a Mãe Natureza que, por sua vez, se impregna com uma mescla de sémen e sangue do seu criador. Nasce o Homem. Num terreno imundo e estéril, Mãe e filho são sujeitos às depravações de bizarros humanóides.
O filme não vale pelo enredo, embora tenha a sua significância, mas pela forma como se mostra. Ao longo de hora e vinte, não há diálogos, apenas cenas medonhas, obscenas, e verdadeiramente desagradáveis, levadas ao extremo do tolerável e impulsionadas por um preto e branco sujo e intratável. O trabalho de imagem é, aliás, de uma originalidade tenebrosa e vale só por si a visualização da metragem. Os efeitos sonoros naturais, repetitivos, abstractos, formam uma cacofonia que ajuda a um desconforto e mal-estar inevitável.

O resultado é uma experiência sem par. Cada imagem é uma perversão hipnótica, um psicadelismo feio e disforme. Quem procura algo de diferente e verdadeiramente único tem aqui um achado.

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No outro dia fui ligar isto.





Em 1992, a minha primeira consola.
Hoje, uma máquina do tempo de 8 bits.

Iron Maiden - The Final Frontier

O Eddie desta vez vai para o espaço de chave de fendas na mão, matar quem lhe aparece pela frente, numa das capas mais pirosas da carreira dos Maiden. Se, infelizmente, constatamos que não é nada de novo nos álbuns mais recentes, continua, ainda assim, a ser desapontante depararmo-nos com uma capa de tão pouco bom gosto, numa banda que tem, talvez, o mundo imagético mais reconhecido e icónico no Metal.

A música não lhe segue as pisadas decrescentes. Segue, sim, o trilho do anterior AMOLAD, num tom mais progressivo e menos acelerado, mais hard rock, embora sem suplantar o tradicional Heavy. Tudo o que os destrinça dos demais está lá. As melodias, os solos, a voz do Bruce (que não tem meio de envelhecer) e, mais importante, as boas canções. Em contrapartida, há um número exagerado de temas de longa duração, o que pode aborrecer quem para aqui não estiver virado, e nota-se a falta de rasgos e de uma certa pujança que se esvanece com a idade, de forma deliberada ou não. Ao 15º original, manter esta consistência qualitativa, só por si, impressiona. Mais do que isso, o disco consegue ser mais bem conseguido que outros na carreira dos Maiden, mas não disfarça o amargo de boca que é apercebermo-nos da incapacidade de reproduzir o brilhantismo da primeira metade da sua discografia.

Haust - The Powers of Horror

Mais uns da Noruega com uma espécie de Metal das trevas e do corpse paint, misturado, de vez em quando, com um Hardcore engraçado.
É engraçado mas não é bonito. O álbum é suficientemente pesado, demente e caótico para nunca nos deixar na indiferença. Depois, o vento que sopra é bastante negro o que dá um cunho interessante à banda, pois não se trata de um disco de black metal (nem pouco mais ou menos, embora já os tenha visto nesse catálogo), mas carrega consigo essa aura. São mais os bons momentos do que aqueles que me passam ao lado, e a cada audição a balança desequilibra-se ainda mais para o lado positivo. A ter em atenção.

Lost Highway


Fred é saxofonista de profissão. É condenado pelo assassínio da sua mulher após uma sucessão de acontecimentos tão bizarros como opacos. Na prisão, transforma-se (ou coisa parecida) num outro mais jovem, Pete, mecânico de automóveis. Pete é liberto e apaixona-se por Alice, versão loira de Renee, ex-mulher de Fred.

Lynch é assim. Desenha-nos um mundo surreal, esquizofrénico, sem sentido aparente, coberto de metáforas e simbologias que nos mantêm num estado de perplexidade permanente. Do inicio ao fim, o filme é um completo mindfuck (talvez o maior construído por Lynch) de semblante carregado e amargurado, e com uma atmosfera pesada, muitas vezes sombria que origina momentos de suspense à séria, e não daqueles que apenas fingem ser. Mais que tudo, o filme tem a virtude de nos agarrar a uma narrativa irrealista, esquiva e absurda. Ou se calhar a virtude está em sê-la precisamente assim.

No final, cada um terá a sua interpretação da trama e é um exercício sempre interessante ouvir novas e contrapô-las à nossa. Não será dos melhores filmes de Lynch, mas não andará longe.

Quatro letras e dois ós

Últimas aquisições.


Löbo - Älma (EP)
Mono - You Are There (CD)
Mono - Holy Ground: NYC Live with The Wordless Music Orchestra (CD+DVD)

Belos.

Candlemass



Porque no Verão, o que apetece mesmo é ouvir um Dume.
Masterpieces.
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