Dos filmes que vi de Bergman, que não somam, nem de perto nem de longe, uma parte significativa da sua filmografia, este Persona foi o que mais sobressaiu.
Elisabeth, actriz, entra num voto de silêncio por tempo indeterminado e é acompanhada por Alma, uma enfermeira inexperiente e um tanto ou quanto insegura. Numa casa isolada, a relação entre as duas adensa-se, através dos monólogos erráticos e deambulantes de Alma, mas excepcionalmente construídos e interessantes, o suficiente para nos prenderem a um ritmo lento e a um lugar onde, aparentemente, pouco se passa. A cena em que descreve a orgia na praia é, surpreendentemente, das coisas mais intensas que vi num filme.
As interpretações das duas actrizes são esplêndidas, à semelhança de outros filmes de Bergman. Os planos apertam anormalmente sobre as caras e expressões destas de uma forma crua, recta e obsessiva, criando um cunho intimista e gélido um tanto ambíguo. Ambígua é também a interpretação que se pode dar ao filme. Por entre campos surreais, dá-se um mergulho na psique humana e suas vontades dúbias, e volta-se à tona atordoado com mais interrogações que respostas. Enigmático e, para mim, um must-see.
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