Dos filmes que vi de Bergman, que não somam, nem de perto nem de longe, uma parte significativa da sua filmografia, este Persona foi o que mais sobressaiu.
Elisabeth, actriz, entra num voto de silêncio por tempo indeterminado e é acompanhada por Alma, uma enfermeira inexperiente e um tanto ou quanto insegura. Numa casa isolada, a relação entre as duas adensa-se, através dos monólogos erráticos e deambulantes de Alma, mas excepcionalmente construídos e interessantes, o suficiente para nos prenderem a um ritmo lento e a um lugar onde, aparentemente, pouco se passa. A cena em que descreve a orgia na praia é, surpreendentemente, das coisas mais intensas que vi num filme.
As interpretações das duas actrizes são esplêndidas, à semelhança de outros filmes de Bergman. Os planos apertam anormalmente sobre as caras e expressões destas de uma forma crua, recta e obsessiva, criando um cunho intimista e gélido um tanto ambíguo. Ambígua é também a interpretação que se pode dar ao filme. Por entre campos surreais, dá-se um mergulho na psique humana e suas vontades dúbias, e volta-se à tona atordoado com mais interrogações que respostas. Enigmático e, para mim, um must-see.
Um homem de meia-idade com um coração a dar de si. Um ex-preso que procura a sua cura através da religião. Uma mulher que enfrenta a maior das perdas. As estórias destes 3 entrelaçam-se num puzzle de feitio curvo, emocionalmente franzido, de difícil digestão, e cujas peças nos vão sendo dadas à medida que o conto avança, embora nem sempre tenham um encaixe lógico.
O filme não tem uma estrutura. A narrativa embrulha-nos em flashbacks e flashforwards que podem durar apenas uma cena. A intensidade e inteligência de cada uma delas não nos deixa cair numa apatia fácil a principio e, ao invés, catapulta-nos para um estado de permanente e crescente curiosidade. A forma como a montagem do filme joga com o espectador é por isso não menos que brilhante, assim como as interpretações dos 3 personagens principais. A Naomi é ainda mais uma das minhas musas.
O desfecho acaba por ter o seu quê de irónico, mas é sobretudo um ponto de partida para uma reflexão sobre o que vale a vida e a morte por entre um caminho tortuoso de luta e rendição, de dor e de luz, de culpa e de redenção.
They don’t sleep anymore on the beach
Para os desatentos e interessados, a recente reunião dos GY!BE materializar-se-á em Dezembro no ATP: The Nightmare Before Christmas, e logo a seguir pela Grã-Bretanha fora.
Embora não tenha sido propriamente um geek de primeira enquanto puto, tinha os meus delírios e preferências em relação aos super-heróis que na altura me apareciam pela frente. Perdi a conta às vezes que ia alugar filmes do He-Man ao velhinho videoclube e que via repetidamente com o mesmo entusiasmo, às horas de sono roubadas aos sábados de manhã para ver as Tartarugas Ninja e os Transformers, e à paciência e ao dinheiro que os meus pais gastavam ao comprar-me todo e qualquer brinquedo destas séries. Mais tarde, os X-Men e o Homem-Aranha ainda me apanharam a comprar BDs e a devorá-las do dia para a noite.
Hoje encontrei dois artigos, um fresquinho, outro já com uns anos, que, para além de me voltarem a prender momentaneamente a este imaginário passado, me fizeram soltar umas gargalhadas. Em baixo.
The 9 Stupidest Superhero Secret Identities
Enjoy.