Continuam de boa saúde e de personalidade bem vincada, mas tinham um fardo complicado de carregar chamado “Static Tensions”. Por via das dúvidas, este álbum desvia-se dessa rota e envereda por terrenos mais suaves e contemplativos, sem nunca perder o tom à distorção quando esta é preciso. O que mais impressiona é a sensibilidade quase pop dada às canções, sem nunca o serem, o que lhes permite fluir de forma clarividente e harmoniosa de forma tão natural que tudo nos parece normal e claro. Acrescente-se o carácter enigmático da banda, que dá um cunho abstracto e ambíguo a tudo o que se passa, e temos aqui um dos grupos mais singulares que por aí andam.
Valient Thorr – Stranger
Claramente com menos temas de ficar no ouvido, os americanos fizeram aqui um álbum que alterna o bom (pouco) com o mediano (boa parte do disco), sem nunca entusiasmar por aí além. Por isso, cai rapidamente no esquecimento no meio de tanta coisa por ouvir, aproveitando-se um punhado de canções que podem fazer mossa em cima de um palco. Esse é outro problema. Os Valient Thorr ainda não conseguiram captar em estúdio, a pujança e energia da sua música ao vivo.
Calhou ver isto no outro dia e achei hilariante de princípio ao fim. Harold e Kumar decidem passar uns dias em Amesterdão, mas na viagem de avião Kumar é apanhado a fumar de um smokeless bong (brilhante!) da autoria do próprio. O bongo passa por bomba, Harold é arrastado para a confusão e os dois saem dali directamente para a prisão de Guantanamo acusados de terrorismo. Conseguem escapar, e a partir daí é um desenrolar de peripécias sem sentido (como se antes fizesse…), cada uma mais ridícula e cómica que a outra, encharcadas de piadas sexuais, raciais e muitas vezes relacionadas com drogas.
Não é apenas uma stoned comedy. O filme acaba por ultrapassar essa designação facilmente e é garantia de hora e meia de gargalhadas sonoras.
Um filme que prometeu mais do que cumpriu. A premissa é boa. Um professor torna as aulas de autocracia num tubo de ensaio onde cria regras próximas de um regime ditatorial e fascista. Os putos entusiasmam-se e, quando o professor dá por ela, nasce dali um movimento que já não cabe na sala de aula e sai para as ruas sob a forma de salvação para uma juventude sem rumo. A partir daqui, o filme torna-se menos interessante e bastante previsível até ao fim.
Não deixa de ser um retrato (perigoso) de uma geração sem causas, que urge em fazer parte de algo socialmente aceite e que, por essa via, mascare as falhas individuais dos que a compõem.
Há falta de melhor definição, Jóhann Jóhannsson é um compositor de música clássica marcada por uma veia experimental e vanguardista e um tom cosmopolita e sombrio. Invulgarmente belas e contemplativas, as peças instrumentais deste tipo são admiráveis. Para este concerto, vinha acompanhado pelo Iskra String Quartet, 3 violinos e um violoncelo que deram corpo às composições de Jóhann, enquanto este se entretinha ora com o piano, ora com um laptop onde corria samples e vídeos, a maioria deles abstractos a preto e branco, que exibia em plano de fundo numa tela gigante. O resultado é qualquer coisa deste género.
Encostei-me ao lado do cansaço e aí jazi. Memorável.